Fui dali da expo pela beira rio, o mais possível, passandos os decks e os pontões do oceanário, para sul. Os contentores intervalam com vazios que está sempre preenchidos com pescadores. Passam-se os portões que estão sempre abertos para camiões e contam-se os guindastes. Já lá para a Matinha, os prédios estão vazio menos o ultimo andar. A ideia de uma penthouse em frente ao Tejo sem vizinhos no quilometro em volta parece-me o mais próximo de que Lisboa tem das Bahamas ( geminadas com um paiol e dois armazéns ). Seguindo mais para sul, depois de passar a roloutte dos pregos no meio de nada mas rodeada de audis e mercedes old school, os portões sucedem-se, cago nisso. Passo por um condutor da carris a comer um prego, com o respectivo autocarro estacionado à beira rio. Encontro uma praia. Há praia no norte de Lisboa, em frente à Matinha e eu nunca tinha visto. Estavam lá dois veraneantes. Tem uns 15 metros e um pontão enferrujado onde alguém quis também uma penthouse em cima do rio, mas feita de tapumes das obras. Estavam lá uns quantos pescadores.
Daqui para a frente pensei em quantos cadáveres ia encontrar entre os paralelos amontoados e o mato por roçar. Docas meio abandonadas - tinham gente mas daquela que não faz perguntas nem diz nada - cheias de barcos e restos de obras entulho lixo terra blocos de cimento bidons. Sigo para Sul.
Um quiosque, daqueles iguais ao do Camões, mas no meio dos contentores. Ainda estava aberto.
Passo a ponte de onde já se vê o Lux mais lá à frente. Debaixo da ponte, vivem umas 5 pessoas. Parece arrumada. Os caixotes e os colchões e os cobertores estão empilhados em montes espaçados alinhados e certos, encostados à cerca da linha do comboio. Aqui pode ouvir-se o Jazz vindo da estação de Sta. Apolónia, os comboios a chegar e o transito por cima da ponte. De lá de cima ninguém apanha nem o som nem o cheiro. Debaixo da ponte não se pode estar.
Seguindo, apanho os camones a sair do paquete, que parece mais um hotel de Albufeira plantado género nenúfar à frente do Lux. Do cais do sodré à praça do Camões já não se vai tão bem, mas o passo continua constante. Desço subo desço olha cá vou para os copos. Jantar. Descer. Subir. Bica. Descer.
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