Acabado o strip, dona Kikas foi fazer sala. Veio cumprimentar o Pascoal o habitual, apresentou-se a mim e ao Januário, ao balcão. Foi a única altura em que desligou o microfone, colado à cara. O tempo restante, limitou-se a insultar todos os homens da sala. Um pobre de Deus estava a achar especial piada a tudo - se calhar não estava a levar aquilo tudo a sério e estaria a pensar que era tudo uma cambada de bimbos putanheiros e isto como é sabido exala um odor detectado por matronas - e foi chamado ao palco, o engodo era uma aposta com 20 euros em como não baixava as calças pareceu-me, a conversa passou rapidamente do erotismo de revista à volta do cu da ultima bailarina para - eu disse bailarina e tudo - a escatologia, depois de um diálogo com muito maus ganchos a coisa fica assim já depois de ter ficado sem calças e sem roupa:
- Então não te dá vontade de cagar? - Matrona nos altifalantes.
- .... - Tipo lisboeta de calças no chão, com sorriso amarelo.
- Dá dá, agora vais ter que cagar aqui. Ficas aqui no palco, espera lá. Tragam a sanita, vais ficar aqui 20 minutos.
E assim estão 40 marmanjos de mini na mão, um desgraçado no palco, todo nu, a ler o jornal e a fazer que caga numa sanita para anões. Claro que como isto parecia pouco, a dona Kikas segue com o show e ao gajo nu do palco junta-se uma stripper que vem de mota - não é expressão - a mota vem com luzes vermelhas verdes azuis em cima em baixo de lado atrás ela faz a dança em cima da mota, o cheiro a escape dentro do bar já começa a ser meio puxado, a dona Kikas realça a nobreza de carácter da Clarissa, disposta a tirar o desgraçado da sanita mas mantendo-o no palco. A aposta muda: visto que os 20 euros já estavam ganhos, o gajo já estava na sanita nu há meia hora, agora a aposta era se ele conseguiria não tocar na stripper em cima dele - todo nu - durante um bom bocado. Depois de exposto a várias posições onde aposto que com jeito até lhe deve ter visto as amígdalas e perdido 5 euros por cada toque na stripper - cagou no dinheiro, óbvio - e como isto tudo não bastava os amigos do tipo vão ao palco para lhe limpar o cu. Não entro em detalhes: Eu tive de prender as convulsões, o Januário virou as costas, eu tapei os ouvidos e assim, em 2013, em plena União Europeia, depois da invenção da fibra óptica e dos telemóveis pré-pagos, assisti ao momento mais escatológico da vida.
E diz o Pascoal: "A Kikas só faz coisas destas, mas esta nunca tinha visto."
Entretanto o Januário está em conversa com uma moldava. Estavam a falar das muitas coisas que tinham em comum, acho: locomovem-se na vertical, polegares oponíveis, vivem em Lisboa. A quantidade de pontos comuns levaram a miuda a perguntar-lhe se ele "queria ir ali fazer o amorzinho." Amorzinho. Assim se vê como os povos de Leste se adaptam rapidamente aos nossos costumes.
Dona Kikas volta ao palco. Quer saber se ainda há homens na sala ou se é tudo pixa-mole ou paneleiro. Desta vez vai oferecer uma garrafa de uisque a quem for ao palco, mas tem de ser homem macho. E aqui a dona Kikas revela-se um diamante em bruto; é dominatrix sem saber.
Agarra num emigrante que veio de Paris de França comemorar o aniversário com os amigos e encosta-o à parede:
- Ouve lá, és homem ou não és homem? - estou a ouvir-lhe a voz rouca, um misto de Amiga Olga com uma Teresa Guilherme
- Sou.
- Então vais prali pro palco e vais mamar na banana de um amigo teu.
- .... - Acho que já vi pessoal com melhor cara num enterro.
- Mau! Vais-me dizer que não és homem que chegue pra mamar na banana do teu amigo?? És paneleiro??
- ....
E assim, graças à dissonância cognitiva, pudemos todos assistir a 2 homens adultos no palco, um a comer uma banana no meio das pernas do outro, a custo. Lição de vida: metam um gajo à prova e ele é capaz do acto mais rabeta só para provar que é homem.
Continua
3 comentários:
Tens aqui argumento para uma série inteira!
Só tenho duas palavras para descrever isto: espeta, colar.
Continua por favor.
Quando saí deste bar estava estafado de absorver tanta informação.
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