terça-feira, julho 09, 2013

OCD

Fui com o pessoal do escritório jantar a um tasco ali para Arroios. Não o habitual. No habitual, como já temos alguma confiança com o dono do restaurante, calha fazer algo típico do tasqueiro tuga: obriga-nos a comer o que não queremos. Peço secretos, diz-me que não é isso que quero, que vou é gostar da petinga frita com arroz de grelos. Peço petinga, diz-me que o arroz de pato está daqui - aperta a orelha - e que posso confiar. Só de tempos a tempos, usando um tom (demasiado) remitente digo que vou mesmo querer o que queria e o homem lá concede.

- Boa noite, façam favor de se sentar. Vou ligar a televisão.
- Deixe estar, não é preciso. Não queremos ver notícias.
- Mas posso meter noutro canal.
- Não é preciso, obrigado.
- Eu vou ligar na mesma.
- Deixe estar, vamos ter uma reunião de trabalho e isso é um distracção. Deixe lá estar, obrigado.
E ligou. Indo buscar imperiais ao balcão, alguém pegou no comando e desligou a televisão.
Volta.
- ( em surdina ) ó, mas está desligada. - já de comando na mão.
- Deixe estar.
- Assim fica melhor. - e sai da sala, endireitando todos os talheres, copos e toalhas de mesa ortogonalmente.
Encontrámos assim um restaurante onde nos deixam escolher a comida mas não temos hipóteses de escolher não ver televisão porque o empregado é obsessivo-compulsivo.

3 comentários:

zozô disse...

E não vos querer alinhar os guardanapos todos, orientados para noroeste, já deve ser uma proeza.

Prezado disse...

Alinhou tudo.

Anónimo disse...

Mais um engasgamento desta vez com água!