Quando um gajo está no meio de americanos e canadianos numa zona onde o ordenado médio tem muitos zeros, é com um misto de vergonha e oportunidade que se revela que lá longe no burgo nos orientamos com muito menos. A vida é mais barata, mas os ordenados não sao proporcionalmente mais baixos. Se falarmos do ordenado mínimo, a coisa fica ainda mais vergonhosa. Descobre o Daniel Oliveira no Expresso, "É por isto que apenas 17% dos portugueses alguma vez participaram numa
ação cívica coletiva. A média europeia é de 41%. Na Escandinávia é de
70%. Não há democracia saudável com grandes níveis de desigualdade" acerca dos efeitos do ordenado mínimo - que em Portugal é bastante próximo do médio - na sociedade.
Elipse: Estava nos States e achava piada ao modo como comemoravam vitórias no football: com motins. Geralmente queimavam um carro ou uns caixotes, partiam umas paragens de autocarro, ocupavam uma praça. Isto eram as vitórias. Uma derrota era motivo para celebrarem da mesma forma. Mas não tão habitual. Fim da elipse.
Nunca vi tanta acção cívica como nos estados unidos. Os americanos juntam-se à volta de qualquer causa com facilidade. Se vi muita miséria nas cidades grandes, também vi muita gente a ajudar. Têm esta mania de fazer coisas. Fazem tantas que quando há uma catarse por fazer, optam por destruir qualquer coisa.
( Os U.S. têm um ordenado mínimo de cerca de 8 dólares por hora ( depende do estado) que é bastante mau e visto como digno de empregados de mcdonalds, estudantes universitários, trabalhadores em condições abaixo de cão )
3 comentários:
Mas isso tem que ver muito com o sentimento de comunidade. E isso, por cá, é coisa que tende a diminuir - se fores a ver, nos EUA, até o desporto é estruturado em função da localização (as equipas, as universidades, os liceus) e tudo apela a isso.
Por cá, traço geral é o salve-se sem puder que começa na rua, no bairro e depois vai crescendo até ao desinteresse geral da "acção cívica". É uma espécie de preguiça...
Não acredito que tenda a diminuir. Antes pelo contrário, já que nunca tivemos muito movimento civíco. Tivemos coisas pontuais nos ultimos 40 anos, mas nunca teve uma expressão muito grande pela sociedade. Eu acho que nunca houve tanto movimento organizado como agora, mas lá está, como está dependente de quem tem tempo ( dinheiro ), há sempre pouca massa crítica.
A minha cena do "tender a diminuir" tem a ver com a possibilidade de activismo de sofá a crescer e, não pondo em causa, que tenhas tido mais manifestações visíveis nos últimos 3/4 anos, acho que é mais uma questão de conjuntura, de alinhamento de vários perfis, do que um sentimento de "comunidade" em si.
Mas, vamos ver...posso perfeitamente estar enganado.
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