quinta-feira, novembro 18, 2010

É a crise.

Assoberbado pela vitória da selecção, não consigo escrever sobre o tema, tal é o estado esfuziante em que me encontro. Prefiro assim descrever o almoço e os novos efeitos da crise nos restaurantes de Lisboa, para me acalmar.
Como sabem, há restaurantes só para almoços, ao lado dos escritórios, geralmente. Neles, temos doses. Quem tem fome, come doses. Os gajos comem DOSES.
Com a emancipação feminina, surgiu a meia-dose, feita para a mulher que nunca tem fome para uma dose, porque passa o tempo a comer bolachas de água-e-sal e peças-de-fruta durante a manhã.
Depois, surgiu o mini-prato. O mini-prato é mais pequeno e mais barato que uma meia-dose, mas não tem relação nem com pouca fome, nem com economia. Tem a ver com falta de amor pela vida. Um português que peça um mini-prato, não tem tempo para perceber o que é que comeu e já está a pensar nos impressos que tem por preencher na secretária e se não leva uma pissada por levar mais que 7 minutos a comer.
Depois, surgiu um género de prato inesperado: O que comi hoje. Ignorando e tentando toldar o critério Quantidade - suprema grandeza que define todo o comportamento humano - surge-me à frente o prato MEIO FEITO.
Suprema merda, em que ao invés de receber um prato de redondas e elástica argolas de choco, vem uma puta de uns chocos ainda com aquilo-que-se-dá-aos-piriquitos-e-não-sei-o-nome, a porra das entranhas todas, e ainda - Prezado, lobo dos 7 mares e ex-visitante do aquário Vasco da Gama lembra-se - o bico, feature anatómico digno de filme sérvio, 3 chocos 3, inchados como lontras, largados em cima do prato e bombardeados com 3 batatas cozidas inteiras ao lado. A ideia é fazer o prato mais barato não pelo tamanho, mas pelo corte de mão-de-obra. O tempo de arranjar chocos já lá foi. O tempo de escrever este post, podia ter arranjado 4 chocos. Não arranjei? azar. Como-os inteiros que me lixo.
Preparem-se, a crise veio para ficar e se começarem a servir-vos pratos de coelho ainda com os olhos, frangos com cabeça no churrasco, chispe ainda com pêlos - espera, isso é habitual e desejável - ou cabeças de peixe com o resto do peixe ainda agarrado, não se admirem. É o FMI.

5 comentários:

Sérgio Mak disse...

Depois desse relato, estou em estado de choco...

Prezado disse...

Mete um guronsan, é um post de digestão dificil, dose makiana.

senhorita valdez disse...

choco so se for frito no rodinhas.

Suspiro do Norte disse...

Pelo norte chamamos Prato do Dia.

Hortelã Pimenta disse...

mas comeste o esqueleto calcário do choco ou não?