Há pouco mais de um ano, escrevi:
Sendo que
Deus disse para amarmos tudo por igual
Sócrates disse que preferia cicuta
Margarida Rebelo Pinto diz que escreve
Carolina Salgado escreveu a puta
A Jerónimo Martins diz não há greve
O gajo do PNR nem me dou ao trabalho
O Ronaldo continua um rico grunho
Paulo Portas sumarinos e o caralho
Os pepinos espanhois matam muitas
Os alemães já não têm tomates
O universo em si contrai-se
Garcia Pereira quer 180 debates
Francisco Louçã já enjoa
Sousa Tavares não vale um chavelho
Este país ainda é lindo mas
Tudo menos o Pedro Passos Coelho
Este poema não só é considerado por mim como o pináculo da poesia prezadiana como é também uma janela para o presente, o ano do governo de Passos Coelho. Não recorri a nenhum método próprio de oráculos como Nostradamus, que olhava uma tina de água, ou como os antigos que adivinhavam nas entranhas de animais, mas de alguma maneira, pressenti o pior. Podem perguntar-me como é que sabia que este homem, que nunca trabalhou a sério, que foi um jotinha, que foi subindo na vida em paralelo ao que subia no partido - ou vice versa nisto dos tachos não dá para distinguir trabalho e favor é um putedo - que é amigo do peito do Relvas, que é um molusco, que fez uma campanha de promessas que sabia que não podia cumprir, que é um menino, que é mentiroso e fraco e que no fim é apenas um reles peão, ia dar um mau primeiro ministro, que eu não sei dizer.
2 comentários:
Elementar, caro Watson.
não sei porquê, porque não sou o oráculo de bellini, também previ o pior. agora que o pior está a chegar, já vi que me obrigam a ir para a rua gritar. e há muito tempo que não ia.
Enviar um comentário