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A prova que estive mesmo lá |
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Cada ilha tem manias. Ponta Delgada tem duas. Esta do tijolo. |
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E esta. |
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A mania da campainha no meio da porta. |
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Ponta Delgada também tem esta merda mesmo no meio da cidade. |
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E o tijolo. |
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Já em Angra do Heroísmo, metem buracos no lugar da campainha. |
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Quem tem mais paciência, mete dois buracos. |
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Outro fetiche é este degrau com um azulejo escolhido às cegas. |
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Há um género de Las Vegas para beatos |
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S. Jorge tem um cenário à Senhor dos Anéis |
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Mas mais húmido e sem grandes ligações WIFI. |
Finalmente, há 2 fenómenos patafísicos de maior grandeza que merecem destaque por definirem a essência da vida nas ilhas:
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Isto é só a montra de uma casa de fotografia, não é uma igreja. |
O Senhor Santo Cristo dos Milagre. Um açoreano não acredita em Deus, porque não chega. Deus é invocado para coisas terrenas, como ter saúde, ganhar o euromilhões ou conseguir marcar uma consulta com menos de 3 meses de espera. Nos Açores, a vida é bem mais séria que isso. Só nos dias que lá estive, apanhei com ventos de 90km/h, o mar negro de chumbo, o céu negro de chumbo, cancelaram-me voos, ouvi os relatos de viagens de Ferry infernais, vi casas enterradas até ao telhado por causa dos terramotos, vi as derrocadas das cheias, a humidade que não deixa respirar à noite, já falei do vento, e por um dia escapei a um terramoto. Para um açoreano, está provado que Deus está muito longe. Por isso, usam o Senhor Santo Cristo dos Milagres, que está bem mais perto. Está bem protegido numa capela fora do habitual, algo com um aspecto entre o interior da Kaaba e o túnel do Rossio.
O DVD "as 1001 marradas", às vezes a tomar o espaço do best-off, o "
10 anos de marradas", à venda em todos os quiosques, pastelarias, cafés, papelarias, casa de fotografias ou de recordações. Andem a pé por Ponta Delgada e olhem distraídos para uma montra e têm, a qualquer altura do dia ou da noite, alguém a levar uma cornada no períneo. Avancem mais uns metros na mesma rua e acabam de ver o mesmo gordo com o chapéu de chuva a levar uma cornada da montra anterior. As largadas de touros são um assunto sério nos Açores.
No café, li as gordas do jornal local "Polémica sobre touradas continua". Continental burro eu pensei, "ah, é natural, realmente este pessoal já tá na altura de entrar no século XXI e parar com esta merda", mas não a polémica era porque havia duas largadas marcadas para o mesmo dia e assim não podia ser, não tinha lógica nenhuma largadas no mesmo dia ora bolas.
13 comentários:
É optimo perceber quais são as nossas manias.
Só te vou corrigir num ponto, na foto do azulejo escolhido às cegas, digo-te que ele não é cego...só um pouco míope. Acredita que há bem piores ;)
Cadês
Almofariza
O azulejo, vi muitos diferentes, só este é que foi fotografado.
Está calado, credo! Já não te posso ouvir/ler a meter invejaaaa. :p
Acabou-se, não tenho mais nada. Só do Surf Camp.
Material de primeira qualidade!
O Senhor Santo Cristo rules.
Prezado, não comeste as sopas do espírito santo?
Sim, nos Açores a religiosidade penetra até na gastronomia. É bonito de se ver.
Por acaso comi, mas não sabia que estava a ser abençoado, senão tinha comido com mais cerimónia. Ou não.
Obrigada .
Nunca me tinha apercebido desses " pequenos mas grandes " pormenores que saltam á vista de vós continentais.
Amei :)
Prezado,
eu, como "continental" arredada no ilhéu, adorei ver estas fotos. é giro verem-nos sobre outra perspectiva, mesmo quando quem a tem é um "continental" como eu.
devo-te fazer só um reparo...sim, porque isto de viver na insularidade dá calo e tiras mestrado nos bairrismos da zona - as marradas são típicas da Terceira. Só recentemente foram - vou chamar-se importadas, por São Miguel.
volta mais vezes! vais ver bem mais cenários
Ainda troco tudo, foi pouco tempo para distinguir tudo com nomes. Mas o mapa mental está feito, já me oriento por lá.
Mas as Marradas é algum produto, tipo Franchise? ou é o nome que dão às largadas?
Marradas é o nome fantástico que dão aos dvd's que rolam incessantemente nas tv dos kioskes, e que são filmadas na ilha TErceira, onde existe a tradição dos toiros à corda (ena, parece uma entendida, a miúda!)
só recentemente é que se começou a ver estes blockbuster em São Miguel e demais ilhéus.
já as largadas, também típicas da TErceira, são quando largam os bichos, sem corda, pelas ruas de Angra do Heroísmo.
tu volta, que a malta mostra-te.
Ah e Marradas é mais nas Touradas, cenários comuns de maio a outubro na ilha Terceira em que quatro toiros fazem as delícias dos olhares atentos a estes 4 e, sobretudo, ao 5º (que dá a maior Marrada, tipo ficares "anestesiado" até ao dia seguinte de tanto comer e beber em casa de amigos, vizinhos dos amigos, amigos dos amigos, amigos dos toiros, das touradas e Marradas que não magoem coisa de fazer grande mossa). Ah, e volta e à ilha Terceira mesmo para veres e sentires na pele a força de andar à volta e voltar ao mesmo ponto de partida com orgulho de se ser terceirense de gema que tanto olha por uma fresta da janela como pela janela escancarada com colchas dependuradas e um cheiro a alcatra de carne de vaca (ou outro animal ou de feijão, por exemplo) a um bom jarro de vinho de cheiro (ou outro qualquer que tenha bom cheiro) e à saborosa massa sovada de massa leve açucarada e com um colorido de fazer inveja ao comum cidadão continental. Ah e não esqueças de visitar a lava fria do misterioso farol (que os há nos cantos da ilha) mesmo que inativo, e refresca-te numa qualquer botica com os sabores da terra e do mar. Esquece lá o clima... Tanto faz sol como neblina, tanto está chumbo como dourado, tanto está verde como um azul de se tirar o chapéu. O que importa é que natureza como a nossa é esta e pronto! Ah e simbolismos há muitos como os chapéus do outro... :)
A Rosa disse tudo :)
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