Hoje estavam a dizer-me que a coisa lá-na-agência não vai bem e tiveram uma reunião sobre isso. Lembrei-me que nunca ouvi outra conversa. Para quem não conhece a conversa ( será universal? ) aqui fica uma minuta que elaborei a partir do mambo jambo empresarial que ouvi ao longo dos anos, pode servir de antidoto para um discurso que venham a ouvir:
Marquei esta reunião para vos dizer como
estamos. os tempos são difíceis. E não é que o barco vá tombar, não é isso, mas
temos de vos de pedir um esforço extra. Não vamos poder dar os aumentos
que gostaríamos, e até vamos ter de pedir que
façam uma hora extra, que fiquem até mais tarde para acabar um trabalho,
para darem algum do vosso tempo. Porque o mercado está muito complicado. Nao queremos dispensar ninguem,
nem está nos nossos planos, mas para isso temos mesmo de vestir a
camisola. Todos juntos conseguimos. se tiverem algum problema e quiserem, estamos aqui para vocês.
Saibam que isto são só palavras. Na prática isto só quer dizer "não vos queremos pagar mais.".
11 comentários:
Conheço bem a conversa.
Infelizmente! Bom resumo!
Essa é quase tão velha como a do:
Há colegas seus a ganhar 500€ na caixa do supermercado e acham-se muito sortudos, quer um aumento para quê?!
Também já ouvi essa dentro deste discurso, é verdade.
A velha cassete, a grande oratória. É por essas e por outras que eu nunca duvidei daquela cena do Matrix em que o Canudo Reeves, dobra a espinha para não levar com um balázio.
O discurso do responsável é um exercício de mestre de contorcionismo da realidade para que tudo fique na mesma (quando não é pior), mas a tentar que um tipo saia de lá moralizado.
Um ano muito difícil, muito difícil. Os clientes são cada vez mais exigentes e menos tolerantes. Temos que estar mais alerta, mais proactivos, mais fortes na hora de resistir aos obstáculos e conseguir resultados.
And the beat goes on...
Mak quando tentam ter esse discurso é o menos.
Quando é mesmo: por favor, baixe as calças, proste-se na bancada e prepare-se mentalmente para...
Enfim, para dizer que esses responsáveis tentam motivar. Há quem nem isso tente.
Com as devidas distâncias, não sei se desculpo mais um gajo que, perante uma fornalha, me diga:
"Vá bandalho, é andar e queimar, sem gritar muito que há crianças a dormir"
do que um que me prometa:
"Há sem dúvida alguma uma forte preocupação da nossa parte, em que possas dar o primeiro passo rumo a um destino mais quente, ainda que com algum sacrifício. Haverá sem dúvida espaço para a dor, mas será uma decisão que valorizamos em tempos difíceis"
É a cena da publicidade, um gajo já sabe que há um sub-texto...
Eu ouvi esse mesmo discurso, em sede de reunião geral, imediatamente a seguir a ter-me sido justificado, em privado, um não-aumento de ordenado com uma promessa de redução de horário. Tal e qual. Portanto, mantive o ordenadozeco e o horarão.
1 de Junho...
Comentário críptico.
Há manifestação internacional.
Enviar um comentário