Elaboram-se teorias que não mais que actualizações ao já sabido, umas vezes a trazer mais certezas, outras vezes só a eliminar erros. Uns dizem que o que separa os homens dos animais é o polegar oponível. Dá-nos a capacidade de utilizar ferramentas. Outros acrescentaram que isto nos levou ao que realmente fez a diferença, a especialização, a atribuição de habilidade a uma mão e assim a um cérebro dividido, tarefas atríbuidas a cada hemisfério. Outros dizem que é a capacidade de comunicar. A postura vertical. A expressão artística. A capacidade de cozinhar.
Eu sei que é a preguiça. Não fazer um boi é a mais edificante e criativa das tarefas que o homem inventou. Não fazer nada é o mais complexa e brilhante obra que nos lembrámos de inventar: Os macacos dormem, depois do cansaço da apanha-da-pêra que é a vida a que foram votados. Mas um homem, antes depois ou invés do trabalho, coça os tomates. Não faz um caralho. Coça o cu pelas paredes. Design perfeito, democrático, universal. Uma actividade sem preço que tanto pode ser comprada pelo mais rico ou pelo mais pobre. Dormir é para bimbos: dormir é o descanso da infância e da inconsciência. Durmo não dou pelo descanso, 8 ou 12 ou 24 horas de sono são iguais, tempo que passou, uma criogenia para burros e sem odisseias no espaço. Quero conscientemente não mexer uma palha e saber do tempo que lá estive às voltas a pensar na morte da bezerra ou na solução para a fome no mundo.
Deixem-me em paz e calem-se com a merda da pro-actividade. Se a preguiça pode ser distribuída igualmente por todos sem receios, a pro-actividade não a quero nem perto, deixo-a a quem de direito. A pior coisa do mundo são os burros pro-activos.
2 comentários:
O culto da preguiça tem de ser feito não só com competência mas também com arte. É a tal questão do dolce fare niente.
Mais ócio e menos negócio por dia, não sabe o bem que lhe faria.
:)
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