Temos o monstro aprovado. Bom fim de semana. Adenda: deixo aqui uma banda sonora possível para isto.
A vossa ajuda continua a ser precisa. É graças ao iPod Touch que serei capaz de fazer ilustrações com mais piada que a amostragem acima. O Prezado é viciado em desenho, vive em Lisboa, com 3 gatos e uma flatmate com TPM permanente, já votou em branco, não tem carta de condução e gosta de iPods Touch.
Depois de um chat longo - que isto de conversas ao vivo está em desuso - sobre o eterno tema das relações, a almofada ofereceu-me sonhos bizarros metendo eléctricos de madeira de 2 andares, bairros decrépitos, um almoço num tasco onde eu usava a minha faca dos legumes enquanto duas chinesas sem cabelo andavam à porrada, passando por um reservatório de água gigantesco que era um estudio de som, uma homenagem clara ao encontros imediatos de 3º grau e um encontro com um casal de meia idade com 2 filhos. Mas a conversa anterior foi reveladora, depois de uma meia hora só a discutir um só álbum do Stevie Wonder. Fica aqui o conceito geral. Dica: não abusem do queijo ralado do Dia.
Somos tão campónios que às vezes deixa de ter piada. Qual é a cena com os macarons e os cupcakes? De repente tudo quanto é blog descobre que não podia viver só com garibaldis, rins ou palmiers recheados e que a vida só tem sentido com aqueles bolos que é costume ver muito bem fotografados num Tumbler qualquer na net. Eu gosto de pirâmides. sim, o tal bolo que se deve evitar. Já falei com pasteleiros, eles confirmam, não é lenda urbana, é verdade. Mas sabem bem. As melhores são as da Evian, de Benfica. Como são feitas de restos e raspas de bolos bons, ficam óptimas. No entanto, e mesmo com aquela poia de creme branco e uma cereja em calda em cima, não perdem o ar de poia no seu todo, coberta de chocolate, em toda a sua glória. São inestéticas, dir-se-á. Já estes bolos que ficam bem para a foto e que estão na moda, são género filha-do-néné: têm um ar porreiro, muito bem conseguido, mas no fim nunca sabemos bem o que estamos a comer. É minha convicção que foram inventados por fotógrafos de alimentos e são feitos de esferovite, creme de barbear, pó de extintor, fita isoladora e dan-cakes. O que for preciso, desde que tenha bom ar. E ainda perdem tempo a discutir orçamentos de estado.
A minha companheira de casa trocou as voltas à casa: fechou os hamsters ( sim, além de gatos tem ratos ) noutro quarto, na ala oeste, deixando o quarto dela aberto, na esperança que os gatos fiquem na cama dela. É que ontem percebeu que o gato mais pequeno, albeit a quantidade de pontapés que leva, prefere a minha companhia.
Em vez do Galeto, vou à Mexicana. E perguntam-se: Este tipo só vai a pastelarias de velhos? Bom, sim. É raro ir beber café a estabelecimentos com menos de 50 anos. Por isso cada vez vou mais longe. Temo que até ao fim do ano passe a tomar café em Benidorm, depois de ter esgotado todos os "café central" nacionais.
Fui até ali ao Galeto, beber um café e enquanto estou nisto, rabisco uns desenhos no caderno ou escrevo frases soltas que ouço. Ou fico a olhar para a rua. Noutros tempos, estaria de headphones, a ouvir a musica habitual. Mas habituei-me a andar sem mp3. E assim notei como o silêncio se tornava raro. Não só para mim, como para todos. E o tédio, que não é só não ter o iPod para poder ouvir musica a todo o momento ou desenhar, agora é a ausência de entretenimento. Eu e todos, desabituámo-nos de simplesmente parar e estar. Existir. Como vi por aí escrito, se temos um minuto morto à espera de algo, pegamos logo no telemóvel para nos mantermos de cabeça ocupada.
Hoje não estou com paciência para escrever, por isso deixo só o cabeçalho de Halloween. É sabido como gosto de comemorações impostas pelo imperialismo americano, por isso vejam isto apenas como um grito de protesto.
O PPC precisa de um iPod Touch. Estudos norte-americanos revelam que os bloggers são mais felizes quando utilizam musica para bloquear a realidade social de um 50 em hora de ponta.
Saí de casa directo à Culturgest, para ir ao doclisboa, depois de ter estado parte da tarde na ronha a ver outra referência do documental, o Zorro. Esperava-me um grupo de meninas não muito amante do documental, dada a displicência com que apreciaram o Galeto, onde fomos antes da sessão começar. Depois, Culturgest.
- Filme: My Joy, de Sergei Loznitsa. É uma ironia, disse o director do festival. Tinha razão. O filme é cru, árido, longo, feito a golpes de machado. A vastidão do cenário a tomar uma grande parte da tensão. Uma ficção feita por um documentarista. Um filme que gostei. Uma história muito simples, um conjunto de retratos feios. -
Com a vizinha do lado esquerdo a desesperar de sono e a não conseguir ver o filme, algumas pessoas a sair a meio, comecei a achar que planos de 3 minutos de estradas com neve podem realmente dar cabo da paciência de um santo. Mas é assim que também se ganham palmas em Cannes. Depois, Bairro Alto. De carro. Tarde. Isto equivaleu a percorrer o mesmo bloco de edifícios durante 45 minutos, aos círculos, até finalmente o carro ficar em cima de uma passadeira. Depois, subir a pé até à Mercearia. O género de bar que nunca entraria sem intermediários. Depois, o diálogo da noite, entra em cena a romântica de um metro e vinte: - Hoje estive a ver um filme que é capaz de os surpreender, amei aquilo, é surpreendente, vão ficar chocados. - Prezado desperta logo, quando dizem isto, porque já viu 70% da internet que ninguém quer ver. - Força. Duvido que me consigas chocar, mas chuta. - Prezado confiante, a certeza, a convicção inabalável. - É uma obra genial. Não sei se são do género romântico - oh merda - mas é o... Twilight. Segue-se longa e apaixonada descrição sobre as qualidades cinematográficas, estéticas, narrativa e apreciação estética sobre os actores. Imaginem alguém a descrever a cinematografia de um Wong Kar-Wai ou de um Coppola, mas no fim descobrem que estão a falar do Twilight. Ainda fiz saber de vários modos que gostos não se discutem. Enfim, ganhei uma fan e descobri que há trepanações que correm mal. Já em desespero, dado o espancamento que é ouvir "Twilight é um grande filme", recebo o sms que me salva a noite, um amigo numa discoteca gótica ao pé do Saldanha. Grande sessão de metal, industrial e afins, a fechar com o Final Countdown com uma discoteca inteira a rir-se. Genial. Deixo aqui o que foi o momento alto da noite de ontem, no seu todo:
E ainda passei pelo grande Jorge Palma, sóbrio. (eu, não ele )
As discussões politicas continuam e prevejo que ainda tenha mais umas quantas, enquanto tiver amigos fascizoides, pró-Socráticos e afins. Quando os escolhemos na infância nunca sabemos que um dia eles vão votar no Manuel Monteiro. E isso, pá, é pior que bater na avó. Ou ser escuteiro. Ou ter uma ressaca à Jorge Palma. Felizmente ter genética de um avô salazarista e monárquico ajuda nestes casos.
Para descansar do debate, apanhei a Filipe Folque, rua que gosto não só porque não tem "R's" complicados e assim toda a gente percebe à primeira o nome da rua se tiver de o declamar em voz alta, como tem uns belos exemplares de arquitectura e escultura, e a ridícula embaixada de Israel, com os seus 45 pinos de cimento e duas cancelas a fechar a estrada em menos de 15 metros de rua.
O Prezado continua viciado na música dos Junior Boys de há 3 posts atrás. Já a ouviu 36 vezes, 14 delas de uma empreitada. Vão lá, e ao botão.
Pela primeira vez na vida, tive uma mulher-a-dias em casa. E no meio do universo de mulheres-a-dias possíveis, porque teve de calhar uma que gosta de gatos, mas no sentido retardado-mental do termo? Tive de sair, não por causa do barulho do aspirador - turbina meio pifada - , mas por causa do barulho da senhora a falar com os gatos. Eu falo com os gatos, claro. Eles respondem, até. Porque os trato com respeito. Falo como falo com um colega de copos, na boa. "Olá gato, tudo na boa? a curtir o sol, não é? cabrão, grandes vidas...". E assim. Mas, e quando a dona dos gatos já tem este problema que tanto trabalho me dá a corrigir, o falar como se eles fossem parvos, ainda aparece a mulher-a-dias com um vocabulário ainda pior. Não admira que eles achem que isto é tudo deles. Bilu bliu meu pequenino meu querido quem é o meu querido quem é ai que gatinho mais lindo da mãe que lindo nhi nho nho nhi farrusco lindo miau miau meu rico bichaninho lindo lindo meu amor Ela junta o fofo com o infantil-retardado. Tenho albuns de Napalm Death e Corrosion of Conformity que me custam menos a ouvir. Foi da maneira que fui apanhar sol.
A senhora merece tudo o que ganha, aspira mais tempo uma divisão do que eu a casa toda.
Não pensem que estou distraído. O Take us to iPod Touch está à vossa espera e à espera da vossa valiosa contribuição.
Depois dos gatos me acordarem a arranhar a porta, descubro que cheios de boa vontade, andaram a tentar lavar o chão da cozinha com a água das tigelas. Mas devem ter tido dificuldades com a esfregona e deixaram a coisa a meio. De qualquer forma, hoje deve vir cá uma senhora dar um jeito na casa. Digo "dar um jeito", porque isto é um trabalho inglório. Eles vão tentar arrumar a casa à maneira deles assim que a mulher virar costas. Resta-me meter uma banda sonora para começar bem o dia. A senhora não foi avisada que a parte complicada não era aturar os gatos, mas a dose de Stevie. E o meu cheiro.
O botão cor-de-laranja que vos separa de uma doação e me separa de um sonho é à direita. Não custa nada.
Fui ao barbeiro, ouvir a rádio na comercial, pente 1, ler a Bola e ver como anda o Jesus. O senhor Zé pergunta-me se o corte é o do costume e eu pergunto-lhe se o Simão ainda é do Benfica. Pois. Qualquer dia, nem o Nuno Gomes, eu ( incrivelmente ) sei. É que eu não percebo uma porra de bola. E na verdade nunca entrei num barbeiro. E não li a Bola. Li a Tokion. E não ouvi a comercial, ouvi Junior Boys e por acaso uma que gosto e fica no ouvido.
E cada vez mais, o Chiado faz Lisboa parecer uma capital europeia.
Adenda: Hoje já ouvi esta música 20 vezes. Compulsivo.
A vossa ajuda continua a ser precisa. Dos 9 milhões de leitores, eu estimo que pelo menos 37 têm Paypal. Não se acanhem. Cor de laranja. Direita. Nenhuma doação é pequena demais - já tive uma que terminava em.12 cêntimos.
A Rute foi a centésima pessoa - reparem que digo centésima, e não "numero 100", como se ouve nos telejornais todos - a tornar-se seguidora deste tasco. Como prometido, vou vilipendiá-la.
Rute, tens pouco que fazer. Seguir este blog? há aí tanto blog melhor. Aqui raramente tenho piada, embora tente. Não falo de sexo. Não falo de sapatos. Não falo do Benfica. Raramente ofereço passatempos e se o faço , é para meu proveito ( vide Take us to iPod Touch ). Não podes ser boa pessoa.
O centésimo cliente do PPC tem direito a ser vilipendiado on-line ainda hoje. Aproveitem.
Adenda1: falta 1.
Adenda2: O 100º cliente é a Rute.
Nada se vai meter no meu caminho, digo-vos. A campanha Take us to iPod Touch sabe que terá sucesso, porque sabe que a sua missão é um bocado fútil. Mas é minha.
De momento, não estou. Estou nos fundos. Qualquer coisa, toquem ao botão cor-de-laranja.
Depois de ouvir o estafado argumento "e o guito que vai para esses filmes portugueses que ninguém vê?", argumento próprio de quem anda a recolher informação de taxistas, gajos do PP e guionistas frustrados, encontrei esta infografia no Público. Ali o pontinho na constelação é o orçamento para o ministério da cultura. Desculpem lá, não podemos ser conhecidos lá fora só por causa do Eusébio e do Ronaldo. Deixem lá os chulos dos realizadores ganharem umas palmas em Cannes.
Adenda: O circulo correspondente não está à escala correcta. Foi aumentado, para facilidade de leitura, esclarece a legenda que só vi depois.
O Take us to iPod Touch não é a busca por um leitor de mp3, é a busca pela melhor plataforma portátil para fingerpainting e o mais parecido com um amigo invisivel depois dos 30. No post de lançamento falei disso por alto, agora quero mostrar o processo, que só posso fazer num Touch. Percebam como me é dificil viver sem esta máquina e como estão a privar a humanidade de ver nascer mais obras como esta com que vou explicar o processo:
Primeiro, um Touch. Ou um iPhone. Ou um iPad. Qualquer um funciona, mas há um que é melhor, pois depois de perdido, lembramo-nos que é o mais barato da gama: é o Touch.
Depois, o software. Os melhores apps são o SketchBook Mobile, o Brushes, o Layers ou o Inspire. Eu usava o Sketchbook Mobile e um dedo. Comigo funciona o indicador esquerdo. Uso-o bastante, é o meu preferido. A interface do SketchBook é esta. Simples e com tudo o que o photoshop tem, praticamente.
Depois, desenhar. O meu processo é assim: esboço, cores gerais, detalhes. Isto muito resumido. A minha amiga Susy é a mestra nisto e explica a técnica dela - com a qual aprendi um bocado - neste tutorial.
Esboço
Cores gerais
Cores finais e detalhes
E é isto. Atenção: Isto só é possível porque o tempo que estou a desenhar isto, estou com os headphones a ouvir Stevie Wonder. Só funciona com Stevie. Tentei com Marvin Gaye e ainda saiu qualquer coisa, mas com Lionel Richie de 80's, por exemplo, já não dava nada.
O Prezado é de esquerda, mas detesta rótulos. Não sendo apolítico, é quase um a-anarca. É que até esse pessoal dos capuzes que parte montras de McDonalds o chateiam. Da mesma forma que não vota no Bloco nem no PC. Mas sonha com a reforma agrária. Especialmente se for dourada.
E educado por uma longa linhagem de fascistas, com muita honra. Freud explica.
A campanha Take us to iPod Touch continua. Cliquem no botão do donate para todos juntos, fazermos um mundo melhor.
Não da night, mas do fascista com quem tive de debater horas até que ele descobriu a pólvora:
- Mas isso que estás a dizer é à comuna! - eh, pois. Eu sou um bocado comuna em algumas coisas, se calhar é por isso.
Não é que seja. Longe disso. Mas fascismo é que não. Eu tenho sempre a mania de tentar educar os outros, sou um chato do caralho com uma paciência infinita.
Descendo daqui do Saldanha em direcção à Estefânia, lembrei-me de um caminho diferente do habitual para ir ao Martim Moniz. Segui o declive das ruas, fui parar ao Campo dos Mártires da Pátria. Continuando a descer, estou no fim de uma das colinas de Lisboa. A de Sant'Ana. Depois de passar o hospital de São José, consigo ver mais duas colinas, a de São Roque ( o Bairro Alto ) à direita, a de Santo André ( Graça e Senhora do Monte ) à esquerda. Daqui deste topo, escolho por onde descer: a rua mais bonita da zona, a Calçada de Santana - onde passo pela casa da foto, importante - , que depois de algumas travessas, me leva à Igreja de S. Domingos. Almoço multicultural no Ali Baba Kebab, ali ao lado. Prezado fica a divertir-se com a facilidade com que várias pessoas com lingua mãe diferente se entendem só com um inglês minimal.
Tendo este blog passado dos habituais 3 milhões de visitas para uns 7 milhões em 3 dias, acho impossível como ainda não cheguei à minha meta. Acredito que seja porque só 15 de vocês é que têm paypal. Mas isso resolve-se: www.paypal.com e depois donate, aqui ao lado direito.
Faço o caminho a pé. Deixei-me de metros, que não têm vista, e de autocarros, que me tremem a máquina fotográfica. Vou a pé. Pelo caminho, passo pelo grupo de queques que vão não sei para onde, pelos camones que saem do hotel e pelo pessoal que sai do teatro. Mais abaixo, passo pelo Licas. A memória visual é infalivel, mais do que a dos nomes. Este, por acaso, lembrei-me. O Licas era um daqueles rufias da preparatória. Quando todos fumavam cigarros às escondidas, o Licas fumava erva ou outra merda qualquer que não sabia distinguir na altura. Tinha chumbado tanta vez que tinha o caparro de um boi, comparado com os choninhas como eu, sempre a passar de ano, meninos ainda a tentar fazer do buço um bigode - ainda hoje não consegui, foda-se - e a não levarem tanto calduço. O maioral da escola. Estava o Licas na Avenida da Liberdade e lavar a rua, de farda retro-reflectora e mangueira. Não é karma, não. É mesmo a vida. Depois passei pelo taxista, a olhar para o casal de lésbicas em romance, na rua, a dizer "que perda de tempo". Bebi a minha superbock mais à frente. Ouvi um cover de Stevie Wonder com ela, grande companhia. Fui dançar. Sentei-me um bocado nos bancos do balcão, os das putas. E descobri que enquanto lá estou, ninguém me atende. Não servem para pedir bebidas, mas de trampolim para outro lado. Vou.
E ajudem-me na porra do iPod. Será um grande acontecimento, o dia em que ele me vier parar às mãos. Juro. Donate. um euro. Não aceito dolares, tenham paciência.
sexta-feira, outubro 15, 2010
Mais uma doação, antes de ir apanhar ar. Cá vou eu. Até amanhã.
Sim, também o levava para o bairro. Como eu sou um tipo extremamente calado e introvertido, um mono, usava-o como desbloqueador de conversas, como quando tinha 6 anos e fazia desenhos às meninas da escola para poder meter conversa com elas. Era isso ou apanhar na tromba. Assim, subia ali a Rua da Rosa, perdia-me como sempre, porque não vale a pena fazer de conta que sei orientar-me no bairro, não sei mesmo, é impossivel, quem sabe é totó e deve ter pouco em que pensar e lá dava com as Catacumbas. É o bar de jazz onde vou conversar um bocado e desenhar. Às vezes com óptima companhia, outras vezes com amigos. Nessa altura, fazia desenhos como este aqui, inspirado no gajo na cadeira ao lado.
Querem ver mais desenhos? Ajudem a tornar um iPod uma realidade. Vão até ao botão à direita e cliquem no donate. É fácil.
Vou ali ver o debate do orçamento de estado e já venho.
Vou ouvindo no telejornal da uma a discussão à volta do orçamento de estado para este ano, indignando-me, respirando fundo e aceitando, enquanto me vão ao bolso. Desde miúdo que não perco a abertura dos telejornais. Agora que posso, voltei a esse hábito: Ver telejornais, só de bucho cheio. Almoço e janto a ver telejornais. Um telejornal da TVI, por exemplo, é como um shot de GoldStrike: se cair um no estômago em jejum, estamos lixados. Depois saí, fui ao super-mercado e a menina que era invulgarmente bonita e com uma voz delicada, sorri e pergunta-me onde é que fui buscar as natas. Infelizmente, fê-lo tratando-me por "senhor", o que me leva a ver-me como inquilino de um lar de idosos em Idanha-a-Nova num futuro próximo e a dizer duas ou três asneiras aos meus botões. No tasco ao pé de casa, bebem-se imperiais de seguida.
Gostam de posts com piada? não percam muito tempo por aqui. Vão até ao botão à direita.
O cabrão do gato dentro da gaveta dos boxers, a lixar-me a roupa toda, deitado em cima de tudo e eu só a ouvir o gajo a afiar as unhas na roupa, sem perceber onde ele estava encafuado. Cabrão!
A Maria tem sentido de humor - temos todos, óptimo - e já veio cá desejar-me sorte. O mínimo que posso fazer é oferecer-lhe um gato daqui - o mais pequeno, que é meio incontinente e tem umas unhas fodidas quando me trepa para as pernas, quando estou a jantar - como torcionário para acelerar a ida a Bruges. Mas antes disso, já sabem: iPod. Não se percam.
Lisboa é bonita, mesmo só à hora de almoço. Vão até ao Chiado, passem à Brasileira, desçam para o lado do rio, passem ao Cais do Sodré, espreitem o rio. Enquanto há sol.
De volta a casa, dou com um email avisando-me da primeira doação no Take us to iPod Touch, ali no botão à direita. O marcador foi inaugurado. À benemérita, bem haja. Agora, é continuar, porque há causas que valem a pena.
A campanha está lançada e conto com vocês e os vossos links, comentários e ajuda: Lancei ali ao lado a conta de apoio ao Take us to iPod Touch, o meu instrumento de trabalho mais importante desde que larguei o Spectrum. Fazer chamadas? não. iPhone é uma treta. iPod Touch é o iPhone menos a parte má e cara. Faz o que eu sempre quis. A campanha poderá fazer lembrar uma outra, uma take us to Bruges, mas qualquer semelhança é propositada, obviamente. Eu também preciso de ajuda, como muita gente. O PPC é o que é à conta de muito post no iPod Touch; o saudoso Arrumadinho, - aqui lembrado pelo meu vizinho das microondas - tem aquele header , trabalho meu de fingerpainting, criado num iPod Touch; este desenho aqui ao lado é feito num iPod Touch e se não for o iPod, não tenho remédio senão fazer contacto visual com toda a gente enquanto vou no autocarro. Tempo útil em que podia estar a ouvir Stevie Wonder e a desenhar o retrato da dona Marta. Por tudo isto: Barra à direita, mais abaixo, campanha Take us to iPod Touch, botão donate. Façam o que entenderem. Eu agradeço. No meio disto, descobri que a inspiração para o meu logo "take us" foi trabalho de uma amiga minha, designer, à qual agradeço não me retirar todos os proveitos da campanha num moroso processo de direitos de autor.
"Quem não chora, não mama." - Steve Jobs, C.E.O. da Apple, inc.
O Prezado é totó. Perdeu o iPod Touch que tanto amava. E desde aí, o desgosto assola-lhe os dias. Como já vendeu todo o conteúdo da sua casa para levar alguém a Vila Nova de Famalicão e mesmo assim ainda ficou a dever, o Prezado vai lançar a campanha Take us to iPod Touch ( eu e... o meu ouvido esquerdo e o meu ouvido direito, já são 3 ) . Pensem nisto como mecenato em favor de um artista multifacetado. É uma ferramenta de trabalho, um amigo, um estilo de vida. Toda a ajuda é preciosa. Dicas sobre como chegar lá aceitam-se : On parle français, prezadoprezado@gmail.com.
Encontrei a minha sobrinha, para um café. A miuda está enorme, mas com o percentil descalibrado. Está meia cabeçuda. Mas pronto, não deixa de ter piada. A conversa com a mãe da sobrinha já fazia falta. Descobri que estou "com bom ar". O que, dado não apanhar muito ar e o pouco ar que a casa tem estar infestado de gato, é um dado muito optimista. Voltei a casa, descobrindo mais uns recantos de Lisboa pelo caminho. Uma villa, ali ao pé do Campo dos Mártires da Pátria. Voltei a sair, para actualizar o meu vocabulário sérvio. Muita conversa, uns copos de cerveja quente e uns álbuns de 80's mal mastigados por uma aparelhagem manhosa, vamos para um tasco comer feveras e batatas fritas a pingar oleo. Conheço a celebridade do dia. Falamos de saxofones, Hot Club e como sentir a música no corpo todo. Despedidas. Temporárias. Encontro o taxista belfo que me explica que já não indica casas de putas a ninguém se não tiver uma comissão decente. Finalmente, sou recebido apoteoticamente pelos gatos. A vida é bela.
I don't ask, for much these days And I don't bitch, and whine, if I don't get my way
Acordar. Pegar no telemóvel. Ir ao computador. Ver e-mail. Ver facebook. Ver blog. Ver blogs linkados ao blog. Abrir janela. Abrir porta. Gatos aos pulos.
Hoje não estou muito inspirado para isto, não andei assim tanto. Deixo aqui a metáfora do dia, género RFM "já agora vale a pena pensar nisto", encontrada na rua do jardim do arco do cego:
Catterpillar amarelo com o auto-rádio a passar Alicia Keys, bem alto.
Hoje fui por um caminho mais tortuoso, aproveitando o sol. Em vez de apanhar o topo da Penha de França, fui descendo a Almirante Reis, até onde sei que a carteira está a salvo. Porque tenho de subir para a esquerda da Almirante Reis evitando uma zona do Intendente que não me inspira. Atravessei o Mercado do Forno do Tijolo, subi até à zona da Senhora do Monte, onde apanho esta vista.
Passo pelos prédios antigos da zona, que apesar de terem só 3 andares, parecem montanhas.
Atravesso a Graça já a chover e desço para a feira. Com a chuva, forram-se as bancas de plásticos, as que têm toldo servem de abrigo a todos. Os que não têm plásticos marimbam-se. A quantidade de coisas que apanham chuva faz-nos saber que aparelhagens, violas, banjos, acordeons, relógios e telefones comprados na feira serão bons apenas para bibelot. A chuva ia e voltava. Os vizinhos de banca comentavam-na, sabiamente, como só velhos podem comentar: - Já viu, esta chuva? Não dá jeito nenhum. - Só água... Eu gosto é vinho. Vinho e cona.
A sabedoria dos mais velhos é comovente na sua simplicidade.
Os gatos são particularmente inteligentes, é sabido. São capazes de raciocínios complexos, deduções, aritmética simples e alguns conhecimentos de fisica-quimica. Uma das provas disso mesmo, que pretendo defender hoje, assenta no facto comprovado de que o gato mais pequeno gosta de porno. Sim. Facto: Estava eu a ver um youporn - sexo heterossexual, um casal, posições variadas - quando percebo que não sou o único elemento a tomar atenção ao filme. O gato, a meu lado, encontrava-se igualmente especado a olhar. Não estava de cotovelos em cima da mesa como eu, mas estava estático. E pelo movimento dos olhos, estava claramente a processar a informação que recebia. Deixei de olhar para o filme e passei a olhar para o gato e a tomar notas. vimos juntos alguns filmes, só para confirmar a descoberta. Sim, ele percebia o que se estava a passar. Mais: concluo que os gatos mais velhos, são igualmente inteligentes, mas simplesmente já não ligam a porno.
Poderei ainda fazer algum ensaio com BDSM, FF, MFF, FMM, 2girsl1cup, acho que só vai validar os resultados já conseguidos. Ainda assim, arrisco.
Tenho a mania de mostrar coisas que gosto, em Lisboa. Agora deixo aqui o que acho que é o prédio mais feio da cidade. Diz-se que o Camões esteve em calabouços mais bonitos.
É sabido que ando sempre de máquina fotográfica. Fosse eu purista como era há uns anos e diria que isto nem é fotografia, porque não tenho controlo sobre quase nada nas fotos que tiro. F's à balda. ISOs sempre no mínimo, não páro para focar nada. É só disparar 30 fotos por dia, umas 2 ou 3 serão boas. Os vizinhos é que devem estranhar que eu demore tanto tempo a descer e subir a escada. Mas a luz na escada é genial e tenho de a aproveitar.
Por Lisboa, passei à minha grelha do metro favorita. Desta vez com pressa, não pude apreciar a paisagem como é de direito. O verão que lá vai, leva com ele o tempo para estar nos alvos bancos.
Ó ninfas. Ó musas. Levem daqui esta bebida maldita. A sério. Não tá a cair bem.
Esquecer-me como? assim que abro a porta tropeço num ou dois. Depois vão em matilha para a cozinha, já à espera da dose. E se eles fossem calados, ainda podia ser. Mas não. E se não acordar a horas ( vide noitada ) , fazem o favor de arranhar a porta, tipo Shinning.
Descendo a Rua dos Arroios, sigo para o alto da Penha de França e mantendo-me nessa cota, vou até à Graça. O caminho a descer a partir daí é que é sempre o mesmo: Passo ao pé da Feira da Ladra - hoje até é terça, mas não fui lá - desço o caminho do 28, até perto da rua dos Bacalhoeiros, passando pela Sé. Depois subo a Rua da Prata, passo à geladaria do costume e só paro na paragem de autocarro. Hoje devo ter andado distraído, porque não aconteceu nada este caminho todo. Se eu fosse um alfaiate, talvez tivesse tirado uma foto às miúdas que estavam na esplanada da Penha de França. Mas eu só tiro fotos a paredes.
Lá foi o Prezado ver um concerto único. Teve a Orquestra da GNR a provar que o dinheiro que o Vlad-o-impalador nos chupa vai para algum lado, umas bandas que não se lembraram de fazer duas coisas - ensaiar e fazer soundchecks - geralmente importantes, uns convidados porreiros, que gostei: a Lenita Gentil, a mostrar que ainda tem voz, o Vitorino, fora de tempo mas sempre smooth, e o .... B chachada, que veio provar que é mesmo uma chachada, felizmente nem lhe meteram som na viola, e a voz pouco se ouviu - mas deu para entender que canta como o dom duarte: (famoso monárquico) como quem tem asma. - , entrou 3 minutos e saiu. Assim consigo ver concertos deste gajo, madame. Depois, a fechar a noite, uma banda brasileira, que pelos visto, ensaiou, fez soundcheck e rebentou a escala em virtude dessas duas habilidades. Um concerto onde o único português que esteve à altura é candidato à presidência, felizmente.
Isto até começou com piada e suave. Eu gostei.
Mas quando entraram estes, toda a memória do que ouvi antes, passou para a minha zona do cérebro dedicada às memórias de curto prazo, onde guardo os números de telefone de primos em 4º grau, ou o número de telefone da igreja maná de Carcavelos.
O que vale é que depois fui ali à praça do chile encher-me de bolos e pão com chouriço. Nada se perde, tudo se transforma.
Na mercearia que tenho ali a meio da rua, invariavelmente apanho o sr. dono-da-mercearia - até lhe descobrir o nome, chama-lo-ei Vlad-o-impalador, para facilitar - à espera duma freguesa, sentado ao lado da máquina registradora. Assim que chegam para pagar, a conversa é sempre semelhante. - Então sr. Vlad-o-impalador, já viu, há tantos anos que a gente se conhece... - É verdade, dona Conceição. Mas olhe que já não tou cá muito tempo. - Ah, não diga isso, sr. Vlad-o-impalador. Está rijo que nem um pêro! - Mas tou cansado. Eu quero é ir pra terra. E quem vier atrás que feche a porta. O sr. Vlad-o-impalador está, à vontade, há 30 anos a atender a mesma freguesia, no mesmo sitio. Nunca fez um Erasmus, nunca foi às novas oportunidades. Não aderiu a nenhum apoio ao comercio tradicional. É por isso que as conversas vão ter todas ao Sócrates, - vou chamar-lhe Vlad-o-impalador até descobrir um nome melhor - ao fim de pouco tempo.
Perdio meu há uns meses - ou roubaram-mo, mas acredito no perder, visto eu ter um poder de concentração muito limitado - e faz-me muita falta. Desenho, tomo notas, comando o video, envio mails, jogo, vejo youtubes na cama, e até ouço música nisto. Apesar de canhoto, nas minhas mãos, está bem entregue. E não, não faz chamadas.
Aproveitando o facto de ter 2 milhões de visitas diárias, lembrei-me de apelar ao grupo que sei ter sensibilidade artística profunda e que percebe o motivo desta colecta. Por isso, vocês os 7, já sabem.
Esqueçam o post anterior. Deixo aqui o manual do urbano-depressivo. A versão está aberta a actualizações, só porque vem da cabeça de um trintão.
Manual do urbano-depressivo para dias deprimentes serem mais deprimentes
Fechem as janelas, a luz do sol é irritante. Além disso, ganham aquele tom niveo de dama-das-camélias que é apanágio dos deprimidos.
Procurem andar à chuva. Aumenta as probabilidades de ficar doente. Aceitem a chuva como castigo divino por serem quem são.
Pouco banho. Toda a gente sabe que aprumo ajuda a sair da fossa.
Roupa preta. Cuecas incluidas.
Escrevam poesias. Mas guardem-nas, podem ser usadas contra vocês mais tarde.
Releiam cartas de amor antigas. Toda a gente as tem, e como o outro disse num tom mais sério que não deixa de ser verdade apesar dele próprio escrever melhor ser poeta e rabiló, elas nunca deixarão de ser ridículas.
Vão a bares escuros e que vos obriguem a andar muito para chegar lá.
Docs ou outros sapatos desconfortáveis. Se usaram ortopédicos quando eram putos, força. Vai-vos lembrar desses tempos que sempre quiseram esquecer.
Fumem. Muito. Acendam uns nos outros, de preferência.
Gajos podem usar risco nos olhos.
Pensem naquela pessoa especial que não deu em nada.
Aquela com que nunca resultou.
Aquela que podia ter sido qualquer coisa e não foi, só porque o vizinho do 5º esquerdo era mais velho.
Acima de tudo, lembrem-se todas as que ficaram entaladas.
Como já vi aí em alguns blogs, hoje é o dia europeu da depressão, por isso deixo aqui uma sequência poético-pastoril, com enquadramentos à-bairro-alto. Por feliz coincidência, também é dia da música, por isso cantarolem qualquer coisa que gostem enquanto olham para isto.