Dias inesperados é em Amesterdão pois é. Desde o segurança tatuado do restaurante onde vimos o Benfica às escuras, a empregada com o maior decote registado fora da Red Light, os mitras tímidos, o gajo do tuning medo que cena dantesca o gajo do tuning, carro preto matte, saias foles gaitas capas escapes, cabeça rapada, a passar com a mão ao volante a pingar sangue, nem uma palavra ninguém o olha nos olhos caralho xiu, o italiano gozado pela puta que está farta de italianos tesos, a Chinatown a gozar o pagode, os ingleses bêbados, os irlandeses bêbados, os guineenses bêbados, a zona dos travestis de ruas vazias, a bófia que só anda de mota e só se vê um de cada vez, as putas no segundo andar sentadas na cadeira a falar ao telefone, os dildos que se confundem com extintores, o bar que tem um moinho mas não é o moulin rouge, os coffee shops com fumo de cortar à faca, tudo inesperado menos uma coisa: não vi ninguém de socas.
As Coffee Shops. Isto há 20 ou 30 anos teria algum impacto acredito. Quando hoje vou ao Rossio andar um bocado e apanho com 27 gajos a tentar impingir-me todo o tipo de merda, até agradecia a existência de umas coisas destas. Em Amesterdão, ninguém me tentou vender nada na rua. Nem uma mama. Nada. Em Barcelona uma outra viagem de há uns anos eu feito lampeiro marimbei-me como sempre nos avisos olha-que-as-ramblas-à-noite-são-fodidas e lixei-me. Meio lixado, pronto. Mas ofereceram-me uma carteira a menos e um bobó, uma destas ofertas recusei-a, a outra não tive escolha e acreditem, não digo qual das quais o foi ou não mas só digo que deveria ter sido a inversa. Em Amesterdão, deram cabo da concorrência de rua legalizando a ilegalidade.
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