quinta-feira, abril 07, 2011

Amsterdam VI

A dita. A red light. Alpha e Omega de Amesterdão. O Ocaso do ser. Mito forma espaço fundo.
É o universo condensado não pasteurizado. É montra atrás de montra, porta aberta para quartos assépticos quais consultórios de dentista, um banco, uma cadeira, um divã, uma cómoda, uma cabeceira, repetida 200 vezes, sempre igual ou simétrica. Na cabeceira sempre as mesmas coisas, 200 vezes, vibradores, toalhitas, preservativos, perfume, vibradores, toalhitas, preservativos, perfume. Não posso tirar fotos, sob pena de socos na boca. Mas juro que uma delas se riu para mim. A sério. Tive um bocado de vergonha, deixou-me sem jeito, enquanto vestida com 7 cm2 de roupa, me piscou o olho. Acho que foi sincera, tentei explicar-lhe não só te posso levar para Lisboa daqui a uns tempos depois explico sim apresento-te à minha mãe, deve gostar de ti não ela não curte muito louras mas para ti eu metia a cunha. Saí da rua a pensar num fado qualquer ai vida.
Passei à porta do museu do sexo. Pensei entrar mas depois medi bem as coisas - Embora o tamanho nunca interesse, o que é certo é que nunca tinha visto bolas chinesas daquele tamanho, só em Roland Garros - e vi que para ver sexo de outros séculos, bastava voltar a Portugal e ao cais do sodré. Que se lixe, a rua é sempre mais interessante que qualquer coisa. Guardei o dinheiro e fui ver antes o Van Gogh. Discutiu com o Gauguin, arrancou uma orelha e matou-se com um tiro no peito ? Vê-se logo que andava na red light afumar as coisas erradas. Voltei à red light passado um bocado. Faz-se noite e a rua começa a encher como um dia de feira. Percebi porque é que a cerveja é choca e quente: caso fosse etílica como a tuga - aconselho a Duvel, por lá - acabava metade daquela gente nos canais. O gajo mascarado de banana é garantido que teria ido parar a água eu próprio o empurraria.

2 comentários:

Edson Medina disse...

Saramago ficaria orgulhoso

Prezado disse...

Estou a melhorar no domínio da não-pontuação, com o tempo ó fica sempre bem.